Um diário virtual onde ficarão registrados acontecimentos cotidianos de uma professora brasileira, de vida comum, num lugar comum, porém com uma personalidade peculiar e pensamentos singulares. Este blog retratará confissões sobre um relacionamento entre mãe e filha, e como isso afeta diretamente o restante de todo o meu trajeto pela Terra nesta vida, inclusive o meu relacionamento com os meus filhos!
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Passado bate a porta...rs
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Fechando ciclos
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Amor, I love You...
Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho"
Eça de Queiroz, O Primo Basílio
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
02ago09
domingo, 12 de julho de 2009
Nothing Fails
You silly thing
Anyone can see
What is it with you?
You silly thing
Just take it from me
It was not a chance meeting
Feel my heart beating
You're the one
You could take all this
Take it away
I'd still have it all
'Cause I've climbed the tree of life
And that is why
No longer scared if I fall
When I get lost in space
I can return to this place
'Cause you're the one
Nothing fails, no more fears
Nothing fails, you washed away my tears
Nothing fails, no more fears
Nothing fails, nothing fails
I'm not religious
But I feel so moved
Makes me want to pray
Pray you'll always be here
I'm not religious
But I feel such love
Makes me want to pray
When I get lost in space
I can return to this place
'Cause you're the one
I'm not religious
But I feel so moved
I'm not religious
Makes me want to pray
I'm not religious
But I feel so moved
Makes me want to pray
Pray you'll always be here
I'm not religious
But I feel such love
Makes me want to pray
I'm not religious
But I feel so moved
I'm not religious
Makes me want to pray
Nothing fails, no more fears
Nothing fails, you washed away my tears
Nothing fails, no more fears
Nothing fails
A ordem é continuar vivendo
Tempo, tempo, tempo, imploro por tua morada.
Do sonho do grande amor restou a certeza de que nenhuma incerteza é vã.
Peço para ficar mais um pouco e segundos depois quero ir embora.
Respiro arte. Como música. Tomo dança.
Do teu abraço quero não mais largar.
A tua companhia não quero mais perder.
Daqueles que fazem tanto bem... quero um só.
Preciso ver o céu de Brasília, agora!
Movimentos precisos, meu corpo precisa.
Tão engrandecedor é o amor Divino.
Peco por não saber ser menos.
Está fora toda dor, que há anos não se abate sobre mim.
E se amanhã houvesse um julgamento final, morreria em paz hoje.
Estaria sempre ao lado do meu filho.
E se não fui uma boa filha, preciso ser, no mínimo, uma ótima mãe!
Não espero por ninguém, vou fazendo o meu.
Os dias vão acontecendo rapidamente...
Não há tempo para sofrer, pensar em perdas.
A ordem é continuar vivendo.
E agora sei que posso continuar de olhos fechados...
Confiando...
Porque o que era meu está aí, passo a passo...
Do tombo à subida.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Felicidade
Quando isso passar, vou estar bem!
Quando atingir minha meta vou relaxar, ficar em paz!
Nadar no Oceano é se posicionar, saber de onde
estão vindo as ondas. Talvez o que a vida está
pedindo seja algo completamente diferente
do que você foi treinado para fazer.
Sucesso no Oceano depende de esforço e posicionamento.
Pegue a onda precisa. O objetivo do surfista é
aproveitar o percurso, aproveitar a onda.
O que vier, aproveite.
Não adie sua felicidade.
Brian Bacon
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Aos trinta... 18 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Luzes
Som
Up and down
Hoje deveria ser o meu dia de sorte
Quando eu morro e ainda estou viva dentro de você
Por onde forem nossos caminhos...
Perdidos ao mar?
E quando me fala de todos os seus planos sem mim
Quando procura tumores
Quando pensar que todo amor que lhe falo
É todo seu
Verá que nunca foi
Você queria que nós tivéssemos feito tudo
Que nós tivéssemos sido felizes.
Mas nunca estou tão perto quanto gostaria
Porque não sei se era mesmo amor
Se era mesmo o amor que eu queria
E não adianta mais contemplar
O que lhe levaria para junto de mim?
O quanto isso lhe valeria?
Quando nossas luas se encontrariam?
Nem a noite caiu tão sutil...
Para não precisar de mais nada
Fomos ficando
Calados
Frios
Constantes
Como se o ontem nunca tivesse acontecido
Para esquecer do que apaga
Para não ter escolhas
Falando baixinho ao ouvido
Pedindo perdão...
O carinho numa gota
E se esgotam todas as súplicas
Vede como sou má?
Então, deita e dorme...
sexta-feira, 24 de abril de 2009
"O amor do Pequeno Príncipe - Carta a uma desconhecida"
Uma manhã, a gente acorda
E diz: 'Era só um conto de fadas...'
E a gente ri de si mesma.
Mas, no fundo, não estamos sorrindo.
Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida."
terça-feira, 14 de abril de 2009
Ser humano
domingo, 5 de abril de 2009
Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro.
Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anela como a terra árida e sequiosa, sem água.
Quero vos contemplar no santuário, para ver vosso poder e vossa glória.
Porque vossa graça me é mais preciosa do que a vida, meus lábios entoarão vossos louvores.
Assim vos bendirei em toda a minha vida, com minhas mãos erguidas vosso nome adorarei.
Minha alma saciada como de fino manjar, com exultante alegria meus lábios vos louvarão.
Quando, no leito, me vem vossa lembrança, passo a noite toda pensando em vós.
Porque vós sois o meu apoio, exulto de alegria, à sombra de vossas asas.
Minha alma está unida a vós, sustenta-me a vossa destra.
Quanto aos que me procuram perder, cairão nas profundezas dos abismos, serão passados a fio de espada, e se tornarão pasto dos chacais.
O rei, porém, se alegrará em Deus. Será glorificado todo o que jurar pelo seu nome, enquanto aos mentirosos lhes será tapada a boca.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Príncipe e Papai-Noel
segunda-feira, 30 de março de 2009
Por que a gente cresce?
Escorregadio
O amor dos homens
Na árvore
Eu
Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar.
Acordarás feliz sob o lençol de linho antigo
Com um raio de sol a brincar no talvegue de teus seios
E me darás a boca em flor; minhas mãos amantes
Te buscarão longamente e tu virás de longe, amiga
Do fundo do teu ser de sono e plumas
Para me receber; nossa fruição
Será serena e tarda, repousarei
Como
Haverá fora de nós. Nosso amor será simples e sem tempo.
Depois saudaremos a claridade. Tu dirás
Bom dia ao teto que nos abriga
E ao espelho que recolhe a tua rápida nudez.
Em seguida teremos fome: haverá chá-da-índia
Para matar a nossa sede e mel
Para adoçar o nosso pão. Satisfeitos, ficaremos
Como dois irmãos que se amam além do sangue
E fumaremos juntos o nosso primeiro cigarro matutino.
Só então nos separaremos. Tu me perguntarás
E eu te responderei, a olhar com ternura as minhas pernas
Que o amor pacificou, lembrando-me que elas andaram muitas léguas de mulher
Até te descobrir. Pensarei que tu és a flor extrema
Dessa desesperada minha busca; que
Fez-se
E solitário como um homem, vagamente atento
Aos ruídos longínquos da cidade, enquanto te atarefas absurda
No teu cotidiano, perdida, ah tão perdida
De mim. Sentirei alguma coisa que se fecha no meu peito
Como pesada porta. Terei ciúme
Da luz que te configura e de ti mesma
Que te deixas viver, quando deveras
Seguir comigo como a jovem árvore na corrente de um rio
Em demanda do abismo. Vem-me a angústia
Do limite que nos antagoniza. Vejo a redoma de ar
Que te circunda – o espaço
Que separa os nossos tempos. Tua forma
É outra: bela demais, talvez, para poder
Ser totalmente minha. Tua respiração
Obedece a um ritmo diverso. Tu és mulher.
Tu tens seios, lágrimas e pétalas. À tua volta
O ar se faz aroma. Fora de mim
És pura imagem; em mim
És como um pássaro que eu subjugo, como um pão
Que eu mastigo, como uma secreta fonte entreaberta
Em que bebo, como um resto de nuvem
Sobre que me repouso. Mas nada
Consegue arrancar-te à tua obstinação
Em ser, fora de mim – e eu sofro, amada
De não me seres mais. Mas tudo é nada.
Olho de súbito tua face, onde há gravada
Toda a história da vida, teu corpo
Rompendo em flores, teu ventre
Fértil. Move-te
Uma infinita paciência. Na concha do teu sexo
Estou eu, meus poemas, minhas dores
Minhas ressurreições. Teus seios
São cântaros de leite com que matas
A fome universal. És mulher
Como folha, como flor e como fruto
E eu sou apenas só. Escravizado
Despeço-me
Pequenina sombra. Vou ver-te tomar banho
Lavar de ti o que restou do nosso amor
Enquanto busco em minha mente algo que te dizer
De estupefaciente. Mas tudo é nada.
São teus gestos que falam, a contração
Dos lábios de maneira a esticar melhor a pele
Para passar o creme, a boca
Levemente entreaberta com que mistificar melhor a eterna imagem
No eterno espelho. E então, desesperado
Parto de ti, sou caçador de tigres
Alpinista
Na Patagônia. Passo três meses
Numa jangada em pleno oceano para
Provar a origem polinésica dos maias. Alimento-me
De plancto, converso com as gaivotas, deito ao mar poesia engarrafada, acabo
Naufragando nas costas de Antofagasta. Time, Life e Paris-Match
Dedicam-me enormes reportagens. Fazem-me
O "Homem do Ano" e candidato certo ao Prêmio Nobel.
Mas eis comes um pêssego. Teu lábio
Inferior dobra-se sob a polpa, o suco
Escorre pelo teu queixo, cai uma gota no teu seio
E tu te ris. Teu riso
Desagrega os átomos. O espelho pulveriza-se, funde-se o cano de descarga
Quantidades insuspeitadas de estrôncio-90
Acumulam-se nas camadas superiores do banheiro
Só os genes de meus tataranetos poderão dar prova cabal de tua imensa
Radioatividade. Tu te ris, amiga
E me beijas sabendo a pêssego. E eu te amo
De morrer. Interiormente
Procuro afastar meus receios: "Não, ela me ama..."
Digo-me, para me convencer, enquanto sinto
Teus seios despontarem em minhas rnãos
E se crisparem tuas nádegas. Queres ficar grávida
Imediatamente. Há em ti um desejo súbito de alcachofras. Desejarias
Fazer o parto-sem-dor à luz da teoria dos reflexos condicionados
De Pavlov. Depois, sorrindo
Silencias. Odeio o teu silêncio
Que não me pertence, que não é
De ninguém: teu silêncio
Povoado de memórias. Esbofeteio-te
E vou correndo cortar o pulso com gilete-azul; meu sangue
Flui como um pedido de perdão. Abres tua caixa de costura
E coses com linha amarela o meu pulso abandonado, que é para
Combinar bem as cores;
Fazes-me
Transfusão. Eu convalescente
Começas a sair: foste ao cabeleireiro. Perscruto em tua face. Sinto-me
Traído, delinqüescente, em ponto de lágrimas. Mas te aproximas
Só com o casaco do pijama e pousas
Minha mão na tua perna. E então eu canto:
Tu és a mulher amada: destrói-me! Tua beleza
Corrói minha carne como um ácido! Teu signo
É o da destruição! Nada resta
Depois de ti senão ruínas! Tu és o sentimento
De todo o meu inútil, a causa
De minha intolerável permanência! Tu és
Uma contrafação da aurora! Amor, amada
Abençoada sejas: tu e a tua
Impassibilidade. Abençoada sejas
Tu que crias a vertigem na calma, a calma
No seio da paixão. Bendita sejas
Tu que deixas o homem nu diante de si mesmo, que arrasas
Os alicerces do cotidiano. Mágica é tua face
Dentro da grande treva da existência. Sim, mágica
É a face da que não quer senão o abismo
Do ser amado. Exista ela para desmentir
A falsa mulher, a que se veste de inúteis panos
E inúteis danos. Possa ela, cada dia
Renovar o tempo, transformar
Uma hora num minuto. Seja ela
A que nega toda a vaidade, a que constrói
Todo o silêncio. Caminhe ela
Lado a lado do homem em sua antiga, solitária marcha
Para o desconhecido – esse eterno par
Com que começa e finda o mundo – ela que agora
Longe de mim, perto de mim, vivendo
Da constante presença da minha saudade
É mais do que nunca a minha amada: a minha amada e a minha amiga
A que me cobre de óleos santos e é portadora dos meus cantos
A minha amiga nunca superável
A minha inseparável inimiga.
Vinícius de Moraes
Paris, 07.1957
quinta-feira, 26 de março de 2009
Ouse não ouvir tudo aquilo que te falam sobre mim.
Se você quer pichar, faça, mas pelo lado de dentro do portão.
Se anda sentindo o peito, goze com a vontade da necessidade de expelir tudo o que entope suas entranhas. Não “como” no teatro.
Relaxe.
Raspe as sobrancelhas uma vez por mês.
Diga “oi” para o sol. Desfrute da natureza.
Pegue carona, pelo menos uma vez por dia.
Fique nervoso. Coloque suas tensões para fora.
Diga “amém”, abaixe a cabeça e saia pela porta lateral esquerda.
Não falo igual.
Peça a conta e vamos embora, o dia está acabando e a noite caduca.
Peça aos monges a sabedoria que nunca alcançarás sendo você mesmo, e não aquele. Deixe que lhe deem socos e pontapés, sacuda a poeira e escolha outro caminho.
Não desvirtue de seu foco.
Tenha alternativas como tênis amortecedores e tração na dianteira.
Perturbe a mente com o som alto das buzinas, sirenes e bombardeios. Sele o beijo de paz.
Coma sushi. Cubra seu rosto e vire a cara para a dor dos famintos à sua volta.
Repita que estas são sempre as mesmas palavras que lê. Estagne seu cérebro, seu coração.
Congele minha imagem de bruços na sua cama, pois é assim que quero lembrar de mim junto à você.
Não me perdoe, porque eu não mereço. Ninguém saberá afinal, onde tudo termina.
Já queimei todos os retratos e agendas de telefone.
O calor da sua boca, não quero.
Vamos pulando num pé só.
Pese.
Para quê continuar então?...
Alumia o caminho, boca carmim
Sol nasce às seis...
Dias sem ver a rua
Trem partiu ao meio, dois lados de um todo
Metade que tira a vida da arte
Na cidade do carnaval sem alma
Desencana
Notória crendice
Naquilo que não se crê
Abre o olho camarada
Que o tapinha ainda está por vir
Desencosta da parede então
E sorri
Com tão bela e larga arcada
Larga essa vida
E corre
Pro futuro que nunca foi teu
Corre
Pro futuro que nunca foi teu...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
O homem ideal
Por Helen de Sousa_08fev09
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Carnaval, tudo igual!
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Meu Lunny
19 de janeiro de 2009. Hoje eu deveria estar escrevendo para o meu filho, mas estou aqui diante dessa tela de computador para expressar toda a minha dor. Num rompante, à la Maysa, ponho-me a digitar e a chorar. Esta noite me despedi do meu grande camarada. Hoje não queria ter que viver esta emoção. Ele foi meu grande companheiro nesses últimos oito anos e meio. Esteve presente sempre nos momentos mais importantes, na despedida, na recepção, no aeroporto, na cidade maravilhosa, no reencontro, na separação, no nascimento... Era a ligação mais presente que tinha do meu pai, pois foi seu último presente para mim, um presente que eu preservava com muito carinho e devoção. E desse detalhe, poucos sabiam, que ele era tão valioso para mim quanto uma gigantesca pedra de diamante para os capitalistas. Quando engravidei, insistentemente queriam que eu o desse para uma outra família, no entanto, ele era o companheirinho do meu Miguel, apesar do ciúme de ambos. Mas longe dos olhos de muita gente, ele significava vários detalhes da minha vida, pois esteve comigo em momentos muito marcantes... Nas horas de alegria, nos dias mais difíceis, longe dos meus, da minha família, era quem estava comigo na cidade que engole gente e nas noites de chuva. Era ele a minha razão de voltar pra casa todos os dias. Era quem esquentava meus pés nas noites solitárias de frio. Ele me ouviu chorar, brigar, cantar... Ele era quem ficava comigo na madrugada, enquanto eu lia, escrevia... Os fins de tarde já não serão os mesmos. Chegou pra suprir a dor de outra perda. Era a alegria da minha casa. Teve um papel fundamental na vida sentimental do meu filho, que ainda se desenvolve. E ninguém pode imaginar o tamanho dessa dor. Hoje eu não queria ser triste. A dor da perda é o que mais me enfraquece nesses dias claros. E com ele se foram anos de júbilo, de sonhos, de infância, de juventude. Com a sua partida ficam mais evidentes as lembranças do pai, do irmão, do choro da mãe, do casamento desfeito, da dor da solidão, da morte, do medo... O modo que me refiro, esta noite, a um mero cachorro, pode parecer lunático, banal, mas é sentimento puro. Meu Lunny foi muito mais do que isso, muito mais que qualquer palavra que eu tente exprimir. Numa caixa de bonecas, dormindo como um bichinho de pelúcia... Este último momento vai ficar no meu coração, até que este pare de bater, como o dele parou nesta noite de domingo... A memória mais viva de fidelidade, apreço e amor.
domingo, 18 de janeiro de 2009
Uma artista
Depois de realizados os sonhos dos artistas, com o que mais eles poderão sonhar se gastaram todo o seu tempo com eles mesmos e o mundo foi ficando para trás... Eu não sou a artista que um dia eu sonhei. Mas amo com a mesma intensidade que os artistas todas as poucas coisas que já conquistei, filhos, marido, trabalho... E isso não seria negligenciar minha arte?
Não me conformo com um sonho só. Se todos os dias que acordo são diferentes, minhas roupas não são as mesmas de anos atrás, meus sapatos foram doados, se meus seios estão se rendendo à gravidade, então, se cada dia é singular, porque eu deveria ter um sonho só, com tantos dias por viver? Devo admitir que gosto de amar para viver, assim como os artistas que vivem para amar. Então, será mesmo que não sou uma artista? Será o meu talento não estaria na paixão pela vida? Viver não seria uma arte? Quem poderá julgar? Quem vai dizer que não? A relatividade também é o enigma que não se tem resposta, porque a sua subjetividade não se pode mensurar. E faço arte quando vivo assim, inspirada por idéias novas que sempre virão, amores, o gosto do vinho, a batata frita, a lanchonete da esquina, uma rua sem saída, a moça sentada na sala ao lado, a grávida, o café quente, a negra que dança no carnaval, a unha encravada, dias quentes de sol, mais um filho, ruas engarrafadas, pilotos de avião, rios poluídos, o batom vermelho, nosso sonho de pijama... A poesia...