domingo, 7 de dezembro de 2008

Acordar

Estes homens... Aprisionados em sua própria ignorância, cercados de braços que não abraçam, enrijecidos pelo desamor demasiado. De onde surgem os mitos? Quem deveria acordar ao seu lado? Não tem pena nem da velha, nem dá pena. Fica quieto diante do oposto. Não soube socorrer. Esconde-se por entre todas as virilhas. Coube um suspiro de dor. E nunca pediu perdão. Remoendo o tempo, perdendo a alma. Já não sabe ser tão má quanto você amava, mas também já não é tão bom quanto quando o amava. Perderam-se. Esvaíram-se em prazer. Descompassado, como todas as expectativas. Longa espera e o desprezo, descaso e findo. Puro sentimento de sentimento puro, que não larga, que não morre, que não desprega de si. Que vive de gotas, de horas, de espera, de saudade. Não soube dizer não e não quis dizer sim. Fez. Refez. Não agarrou firme, com as próprias mãos, o que naquele momento era só seu. Não perguntou. Não afirmou. Não sorriu, não quis saber. Entrou e saiu e só... Ficou só, mais uma vez. Não queria todo o mundo, pois o mundo todo já era seu. Sentou, leu, releu. Falou que diria adeus e nunca o fez. Não consegue ser má. Não consegue mais ser. Tentou ser um outro ser, mas se deu conta que nunca poderia ser. Pisou a grama fresca, na chuva que caía sentiu sua respiração. Viu o amor. Sorriu. Sonhou e não quis mais acordar. Ainda perdida em seu olhar, beijou-lhe com ardor, sem querer sair dali. Pôs-se a esperar o dia amanhecer. Fitou-o. Sorriu. Sentiu o beijo na testa e acordou. Já não havia uma cama vazia.
Por Helen de Sousa_05dez08

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Meus aparelhos de telefone

A noite passada eu sonhei com você! E passamos por momentos tão bons... Até brincadeira de criança, com espuma de sabão, nós fizemos. Eu nem lhe contei desse sonho... Puro medo. Medo de ver você pelo olho mágico, ali, parado na minha porta e não saber o que lhe falar. Sabe que depois que pedi para você entrar ou sair da minha vida, fechando essa porta de vez, corri o risco de lhe ganhar e de perder você de mim para outras pessoas ou, ainda, de me perder de você para as outras pessoas. Pois é, acho que por isso me esqueci de contar como foi bom o sonho com você, na noite passada. Mas enquanto vi você partindo, enquanto admirava o ser jeito de andar, suas costas largas, seu jeito moleque, largado, a calma com que se afastava de mim... Ouvi meu telefone tocar. Neste exato minuto me veio ao pensamento a quantidade de aparelhos telefônicos que eu já havia possuído até este dia. E o intrigante foi que, em meio a esse devaneio, pensei em todos os relacionamentos afetivos que tive até hoje. Percebi que os aparelhos telefônicos haviam sido poucos, mas que para cada relacionamento, incrivelmente, havia um celular diferente na minha vida, cada um na sua época e em períodos distintos; E, talvez a maior curiosidade foi, portanto, a forma como mudei de um aparelho para outro; Na verdade, um deles eu havia trocado porque quis, mas todos os outros eu perdi em circunstâncias infortunas, sem que fosse por vontade própria. Então, sugando o máximo que eu podia da minha memória, relembrei o toque de cada um deles e como cada um teve sua marca em todos aqueles meus momentos. Eu tinha muito apreço pelos meus aparelhos de celular, por alguns um carinho bem mais especial do que por outros, mas cada um teve seu valor, cada um foi para mim tão importante, porque, em cada ocasião, ele era o único que eu tinha e que satisfazia todos os meus desejos; e por mais velhinho que estivesse, era com ele que eu podia contar. Lembro-me dos azuis, dos prateados e até dos multicolores... Lembro dos modernos e mais antigos. Lembro-me de todos! E lembrei de você... Corri para a porta, para tentar avistá-lo e, felizmente, você ainda estava atravessando a avenida. Voltei-me aos celulares, enquanto os carros passavam de um lado para o outro... Fiquei pensando o quanto eu não gostava de trocar de celular. Como eu gostaria de não precisar trocar o meu aparelho de celular atual. Ah, isso é muito desgastante e cansativo... Quando você está se acostumando com o novo toque, com o novo design, com as novas teclas, o jeito de pegá-lo, a nova cor... Quando você está gostando de ouvir o novo som que ele produz, começando a se deliciar com as inúmeras possibilidades que ele te proporciona, os novos comandos, as novas letrinhas do menu... Acostumado a carregá-lo de lá para cá, de cá para lá, em qualquer movimento, a qualquer hora... Quando você já reconhece o seu toque por mais longínquo que ele esteja e em meio a qualquer multidão... Nessa hora, o acaso chega. E mais uma vez você vai ter que fazer uma outra busca por aquele que mais lhe agrada, em meio há tantas ofertas, e vai demorar mais um tempão para decidir pelo melhor, novamente... E a pior parte, será refazer a sua agenda de telefones! Sim, porque você pode recordar-se e relembrar muitos nomes, mas com certeza muitos ficarão para trás, assim como mais um momento da sua vida ao lado daquele... Pensei em você! Há essas alturas já deveria estar bem longe... Mas quando olhei através da minha porta, você estava lá, sentando na calçada, do outro lado da rua, com o seu celular na mão, só esperando que eu lhe desse um toque e abrisse a porta novamente...

Por Helen de Sousa_30out08

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Da nossa miserável ignorância

“Sentada. Vendo um seriado na TV, me perguntava quantas vezes havia cometido aquele mesmo erro com você. Não conseguia encontrar a resposta, ela nunca vinha à mente. Enquanto você sorria, ao lado de suas adoráveis amigas, eu continuava a me perguntar... Levantei, peguei minha bolsa e desci as escadas. Precisava pensar. Respirar. Acendi um cigarro. Vi saírem as velhas e as moças. Todas elas estavam no mesmo bloco que nós. Acendi outro cigarro. O cheiro era de chuva. E chuva tem cheiro? Ah, não, o cheiro era de capim, molhado pela chuva, de terra molhada pela chuva, de asfalto molhado pela chuva... Tudo isso me lembrava você. Pensando nas duas ou três vezes que levantou da mesa para me cumprimentar. Aquilo parecia você, no seu estado egocêntrico de sempre. Aquilo era você! Todos tomaram seus assentos. Fiquei num canto. Olhava-a com certa dúvida, ao passo que obtinha com toda exatidão, em cada gesto seu, a certeza... Cheguei logo à conclusão que o Dinheiro estava me envelhecendo; E nos afastando. Porque o seu egoísmo e mesquinhez eram tamanhos, que nossos peitos já não suportavam o Amor. Todos naquela sala nos viam, mas não conseguiam enxergar a dimensão daquele silêncio. Era a minha casa que você queria? Leve-a. É o meu dinheiro que lhe falta? Tome-o. E agora, que estou longe, está feliz? Aliás, você consegue saber o real valor da felicidade? Creio que já posso voltar. Ainda lhe falta algo? Ah, sim o Amor! Mas esse, o meu dinheiro não consegue comprar, nem tuas jóias, nem teus caros sapatos e bolsas, nem tão pouco tuas viagens ao nordeste, ao sudeste... Nada disso o traz até aqui. E agora que somos só nós duas nesta cama, olhe nos meus olhos. Tente ser verdadeira pelo menos desta vez. Quer que eu conte? Contarei até dez. Respire. E o que falta neste momento? Amor? Não, não falta. Ele esteve sempre aqui, só você não percebeu. Ainda quer eu vá para longe? Eu irei. Mas sinto sua falta de lá. Abri a porta. Desci as escadas. Quebrei o vidro do hall de entrada. Descontem do condomínio. Porque eu pago todas elas em dia. Das mais graúdas, às mais magrinhas. Pago. Sim, claro, porque eu também busco o tal Amor. Ele se parece com o meu espelho. Não reflete nada. E essa palidez... Alguém me injete mililitros de adrenalina, por favor! Subi as escadas. Perguntei quem era, do alto. Não me responderam. Estavam chamando por mim. Eram vozes. Estavam aqui. Perdi o nosso texto. Perdi a hora. Quando você volta? Volta não! Quero dormir, mas não tenho sono. Sinto sua falta. Mas não a quero aqui. Sente-se. Tome um chá. Seja a próxima. Faça de conta. Conte até dez. Respire. Troque as senhas. Se você soubesse como estou cansada de argumentar, tentaria dar o primeiro passo. Vamos, sente-se. Tome um chá. Respire. E o mais doloroso foi perceber que você já não queria que eu a quisesse por perto. Fiquei mais um pouco esperando pelo teu olhar. Mas ele não veio. Então decidi fechar a porta. Passei o trinco. Coloquei o rosto sob as mãos e não os deixei que me vissem, mais uma vez.”

Dedicado a Luciano Barroso, com carinho.

Por Helen de Sousa_24set08

domingo, 21 de setembro de 2008

Quando na noite escura e fria, o telefone não toca e já não querem saber dos seus problemas, você roga a Deus por paz e temperança.
Nesses dias, alguém bate à porta e você a deixa entrar; resplandescendo em sua sala, velha, suja e cheia de marcas, do tempo, do vento, do acalanto...
Vão as lembranças dos amigos e do que foi bom um dia.
Nesses dias, sempre tem alguém lembrando de você, de longe te protegendo, te iluminando!!
E quando ninguém passou por aqui, você agora pode me ver"

Dedicado a Rogério L. A. Santos

http://www.youtube.com/watch?v=7ADedu_HsOo&eurl=

Por Helen de Sousa_21set08

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

De lembrar

Foram as chances
Como é triste pensar naqueles que fecham suas portas para a vida
Lembro-me de Rodrigues
Moça bonita, de esplendor raro
Transformou-se em natureza
Em seus mistérios
Fascínios
Nas mentiras
Na nova tatuagem
Fechou a vida pra Arte
Quando virou as costas
E saiu
Mas queria voltar
Vislumbrava todo aquele glamour
As palmas
O público
Quis ser a princesa
A fada
A bela que adormeceu
Mas não tinha alma branca
Fechou-se para o mundo
Quis ser Carmem, Maria, Eugênia, de Castro
Mas era só uma Rodrigues
Perdida e solitária
Com suas pílulas ineficazes
O silêncio da dor
Quis ter um filho
E não o pai
Queria o mundo
Mas ele não a queria
E quando descobriu ser, não aquilo que ele ainda esperava
Fechou-se para o mundo
Deu adeus à vida e mergulhou na busca pelo seu “EU”
Freud não explicou à boa moça
Que ela era má
Pesava no olhar
Semeava rancor
Ficou maior
Cresceu por dentro
Ainda mais bela
Fechou-se para o mundo
E ainda segue a cantar
Por Helen de Sousa_10set08

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Amizade

Mais que uma mão estendida
mais que um belo sorriso
mais do que a alegria de dividir
mais do que sonhar os mesmos sonhos ou doer as mesmas dores
muito mais do que o silêncio que fala ou da voz que cala, para ouvir
é, a amizade, o alimento que nos sacia a alma
e nos é ofertado por alguém que crê em nós.
Rosangela

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Mais uma garota

Mais uma garota que via a vida passar... Viu o filho nascer, o pai morrer, o dia clarear.
Sabia quase tudo daquilo que queria saber.
Subiu no alto do monte. Beijou o monge. Cuspiu no prato. Tinha tudo pra ser perfeito, mas não foi.
Ouviu comentários sobre o filho crescido. Orgulhou-se. Era ele.
Procura o caminho de volta pra casa.
Está sentada enquanto todos dormem. Espera que não esperem ela chegar, pois ela não sabe quando.
Não tinha que fazer sentido, mas sentido fez.
Quando todos foram embora, ela ficou.
Pedia a Deus. Agradecia sua vida. Temia o futuro.
Uma pobre garota esperando, sem saber mesmo o que.
Decidiu levantar-se, foi ao portão, olhou as ruas e lembrou do menino, moço bonito, que a visitava pra trazer cds. E trazia consigo todo o amor.
Desceu a rua e viu o mar. A mensagem na garrafa dizia “Em breve passará por momentos felizes em casa”. Mas eles já existiam, não necessitava surpresas nem adivinhações.
Pediu o conselho ao velho e o velho disse: “Voa, voa pra longe, no latão de asa!” E ela voou. Foi para tão longe que esqueceu de voltar. Deixou a alma por lá. Trouxe o corpo cansado, enfadado.
Sorriu para a mãe.
Disse adeus a todos os amigos e eles a esqueceram, os amigos...
Pediu a benção. Foi abençoada.
Compartilhou conhecimento.
Queria ver a noite, mas a noite era negra, misteriosa e ameaçadora. Tinha medo dela.
Adiou o sonho.
E sempre que quer voltar, canta a música, dança e ouve o dia em todos os seus tons. Faz Nascer a flor. Cumpre a missão.
Levanta de novo. E sai.



Por Helen de Sousa_04set08



sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Se te pareço a tua mãe

Se eu pareço a tua mãe, a que me resumo?
Aquela que te pegou no colo nas horas tristes?
Aos dias mais felizes da tua vida?
A dor da partida?
Ao passo dado?
A lágrima distante?
Ao sorriso mais sublime?
A que me resumo em tua vida?
Se eu pareço a tua mãe...
Tens desejos intermináveis de não sair mais do meu lado?
Conforta-te saber que estarei lá quando precisares?
Tu me darás carinho na cama pela manhã?
Desaparecerás como na noite anterior?
Tu me ligarás aflito?
Esquecerás de mim quando estiveres nos braços delas?
Se eu pareço a tua mãe, a que me resumo?
Ao dia de sol na praia, tomando um picolé?
A que me resumo?
Por que suspiras?
Estarei eu demasiadamente angustiada?
A que me resumo?
Seu te pareço maternal...
Não poder ter os meus braços em sua forma mais carnal, além do que se tem
Não te apaixonarás por mim
Serás o homem que sempre sonhei
Com todo vigor viverás
E se te pareço com tua mãe,
Estarei lá ao final
Com a mesma ternura no olhar
O mesmo doce e suave perfume
De cabelos longos e encaracolados
Olhando-te, pelos meus olhos, aproximar-se ávida e lentamente...
E te tomarei em meu peito
Beijarei teu semblante cansado
E cantarolar em teus ouvidos
Acariciando os teus cabelos
Descansaremos em nosso leito de amor!

Por Helen de Sousa_29ago08

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Vida Secreta das Palavras

"A palavra, a mais antiga e extraordinária invenção da humanidade, já dizia o general romano Catão (Macus Porcio Cato 234 a.C - 149 a.C ), é dom de todos, usá-la com sabedoria é para poucos.
As palavras têm vida própria, têm seu tempo. São concebidas a partir de idéias, sensações, pensamentos, sentimentos e intenções. Nascem das diversas formas de expressão e, então, não mais obedecem. Têm as suas preferências. Se “empatizam”, são solidárias, se juntam e vão pra onde querem. Se unem aos seus congêneres, rejeitam o que lhes fere. Seus vínculos são vivos e dinâmicos. Identificam seu complemento, formam frases e anseiam mais.
São independentes, não se subordinam. Não por rebeldia e sim por clareza de vocação.
Quando nos damos conta, lá estão elas, as palavras, se ajeitando num parágrafo, num texto, como partes ou toda a narrativa. Donas da história. Realizadas e serenas ou incomodamente desajustadas.
Quem escreve é hospedeiro, parte do processo. Via de libertação. Empresta o seu mundo para que as palavras possam, enfim, cumprir sua missão: instigar os corações inquietos concedendo-lhes os benefícios da dúvida, fartar o desjejum dos cérebros despertos, dar sentido e uma certa ordem ao caos que nos rodeia e ao caos que nos habita.
Como as pontiagudas terminações dos arados, preparam as mentes férteis para o plantio.
Se felizes, serão belas obras, breves ou eternas. Medíocres, servirão aos seus iguais. Infelizes, serão efêmeras existências que, sem legado, morrerão sem luto."

Por Maria Balé

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Formaturas, o começo e fim de tudo!

Hoje acordei predisposta a escrever sobre formaturas, como elas são o fim e início de tudo. Um evento típico, onde as pessoas estão sempre bonitas, sempre bem vestidas, cheias de poses, pompas, gestos e olhares; tem-se a impressão de estar em outro ambiente num só, mesmo que a sua classe social não seja a da moçoila, morena, altiva, imponente e petulante, sentada na mesa ao lado.
Oito horas da manhã. Eu acabava de chegar de mais uma “festa de formatura”. Olhos negros como a cor da noite. Uma aparência expressamente cansada, como se esperasse algo inusitado, algo que nunca vem, acontecer! Pensava sobre a festa, sobre a vida, como estou envelhecida... a incomunicabilidade do ser humano... havia até pensado falar sobre tema hoje, mas ele, tão enjoativamente, já foi muito explorado, cessando, de vez, todo o meu entusiasmo pela dissertação; porém devo ressaltar que sobre toda minha argumentação - já existente - o que posso fazer para diminuí-la é exatamente o que faço agora, comunicar-me! Mas a voltando para a formatura, hoje foi algo diferente, porque o dia se fez singular. Saí de casa, percorrendo a cidade, prestando atenção em cada movimento, cada farol, cada luz que surgia à minha frente e pensando na tal da padronização dessas festas, em todas aquelas pessoas e comportamentos a que eu teria que me submeter e que nunca me agradaram. Em contrapartida, o mais curioso e intrigante foi, chegar a uma festa de formatura totalmente fora do convencional; Ao adentrar o grande salão, avistei os amigos, primos, tias e tudo que me esperava naquela noite. Um empolgante som de pagode rolava no palco do evento; então, mais uma vez me perguntava – “Pagode em festa de formatura, e no começo dela? Que estanho! Nem gosto muito de pagode, então, já vi como tudo vai ser!!” – Sentei, bebi um drink, conversei, fui me entrosando e logo que começou um rock dos anos 80, dei um pulo da cadeira, segui direto para o meio do salão e me animei completamente! Vi pessoas estilizadas, mas em uma excentricidade única. Foi a noite do ano!! Melhor que isso, não dava para imaginar, aliás, dava sim, mas eu preferia não criar expectativas!! A noite foi perfeita! Ao voltar para casa, o dia já estava claro. Como há muito não fazia (chegar em casa tão cedo), consegui refletir sobre tudo e todos, num espaço de tempo indizível para os que não viveram. “Mas até quando eu ainda estaria neste mundo?”... Não dá pra saber. O que dá pra saber, é o quanto fui feliz nessa noite, o quanto eu sorri, quanto exorcizei todas as minhas frustrações, minhas perdas, as ausências de minha vida e como extravasei toda a alegria que estou sentindo. Por um longo tempo queria que você estivesse, ali, ao meu lado, noutro queria mesmo que estivesse tão longe quanto agora; Para não ter que explicar nada, não sentir saudade dos teus beijos, do teu toque, das nossas noites de amor, vindas, longe de tudo. Ninguém conseguiria suprir tais sentimentos naquele instante. Ter você ao meu lado nem era o que mais me importava, mas se você estaria lá no dia seguinte e no outro e também nos próximos. E você ainda faz falta... Essa incerteza do dia posterior. Até quando eu vou te amar? Até quando preciso ainda te esperar? Até quando você terá os meus braços para abraçar, até quando o calor do meu corpo poderá te aquecer? Quem são nossos filhos? Onde estará a nossa vida?
Hoje chorei a perda de um irmão. Hoje fui mais feliz porque você está feliz, realizado. Em confronto, por dentro do meu corpo, vivo com a alegria e o medo da perda de tudo isso. Hoje eu precisava do seu abraço apertado, de um olhar.
Minha mãe me deixou, foi para longe, cuidar de outro pomar.
Você não sabe que não posso esperar. Minha alma clama por viver, o hoje que será o nosso amanhã. E de todas as incertezas, estar contigo me faz bem. Você parece não entender e não consegue decidir se quer ficar ou vai partir. Mas você precisa saber que não sabemos até quando mais estarei aqui, perto de ti. Por isso não me deixe querer partir, assim... Sejamos mais do que vontade. Estejamos mais em nós...
O fim de mais um ciclo... E o início de tantos outros. O vínculo de dois corações e a separação de muitos deles...
... E quando o cansaço já tomou de conta,só me resta parar, respirar e continuar a olhar para frente... Seguindo.
Hoje acordei com uma dor estranha no seio direito. Um caroço... Preciso procurar um médico...
Por Helen de Sousa_25ago08

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Dia dos Namorados (simulacro do “eu” sozinho)

Bom, antes mesmo deste dia começar, na noite anterior, você foi dormir com a pergunta que não quer calar: “Será que vou passar mais um Dia dos Namorados sozinho?”. Então, logo, num devaneio, você afirma categoricamente: “Bobagem, esse é só mais um dia capitalista no calendário!”. “Bom dia, sol!! Bom dia, dia! Bom dia, vida!! Bom dia, amor!!! Amor?? Mas que amor?!!”. Isto mesmo, começou o Grande Dia!! Você foi expulso da cama, do seu edredom quentinho, para ir trabalhar. Deu aquela boa enxaguada no rosto, com uma água gélida, que te fez querer correr, imediatamente, e pular de volta para aquela cama quentinha. Você se arrumou todo, saiu “bonito pra foto”! Pegou a chave do carro e voou para o serviço. Durante o trajeto, você ouve comedidos comentários, em programa matinal do rádio, a respeito do “Dia”, aquele que você, na correria, já nem se lembrava mais que era o tal! “A todos os apaixonados, um feliz Dia dos Namorados!”, “ Celebrem o Amor!!”, “Eu sou apaixonado pelas minhas camisinhas!” – neste último comentário você solta uma gargalhada e observa que os carros ao lado te olham com reprovação e curiosidade. “Que é gente, hoje eu tô feliz, posso?!”. E segue seu caminho... No trabalho, tudo calmo... Até a fatídica pergunta: “E aí, que você comprou para o seu namorado?”, você sorri e responde: “Sabe que na hora do almoço é que vou passar no shopping. Não tive tempo!!”. Ok, por essa você passou. Ao longo do dia, você torce para que ele não se prolongue, por mais que isso pareça absurdo, você quer que ele termine logo!! Nesse meio tempo, depara-se com todos os comentários possíveis de seus colegas de sala, sobre os planos e projetos para este dia tão importante do ano. Como sua paciência não é a de Calcutá, você pega o seu fone de ouvido e continua o seu trabalho, alegre e feliz, ouvindo as últimas “baladas” do rádio. Ufa, seis horas da tarde. Passada a sua jornada rotineira, você se despede de todos, aliviado, deixando para trás aquelas carinhas de “Hoje a noite promete!”, tomadas de dúvidas – até porque, você é super discreto e preferiu se recolher, a entrar em detalhes sobre a sua intimidade e a do seu parceiro (?). Na volta para casa, você se depara, em cada esquina, com um beijo apaixonado, um abraço carinhoso, e vem logo à sua cabeça, todas as mensagens de celular trocadas durante toda semana, aquele gajo com quem você está implacando um romance, mas será que o fato de ele não ter me convidado para sair hoje, sugere que ele não queira compromisso? Não, porque convidar alguém para sair no “Dia dos Namorados” é praticamente um pedido de casamento implícito!!rs E o outro rapaz com quem você tem tórridas cenas de cinema, mas que é um amor proibido, sem qualquer perspectiva de sobrevida? Ou ainda, com o eterno apaixonado que está sempre querendo te agradar, por mais que você deixe explícito que não vai “rolar nada”, ele não larga do seu pé! É, minha amiga, estamos todas perdidas, porque encontrar o amor verdadeiro, novamente, demanda tempo e boa vontade, afinal de contas, opções não faltam; assim como inúmeras faculdades existem, porém, um número ínfimo delas têm o “selo de qualidade de excelência” - ressalte-se, é claro, que depende muito do seu perfil e objetivos -, o que significa que, a cada dia, as exigências tornam-se maiores e a oferta menor!! Sim, agora você está pronta para ir à faculdade, põe a roupa mais elegante para fingir que dali terá um grande encontro... E volta pra casa, no seu carrinho 1.0 – S-O-Z-I-N-H-A! Seu dia, então, vai chegando ao fim. É o momento final. Você olha para o seu celular incontáveis vezes na mesinha de centro da sala, e, de repente, eis que chega uma mensagem: “Amiga, vamos sair amanhã, meu namorado vai viajar. Amanhã eu tô solteira! Uhuuuuu”. Mas é claro que você, prontamente, responde que sim, pois se não foi hoje, quem sabe amanhã. Ei, mas esta frase, “eu tô solteira!” ainda é sua, e a danada ainda se vangloria! A cada 30 segundos, você assiste anúncios, até, de vendas de carros, com o tema do “Dia dos Namorados”, todos os programas são voltados para este “Grande Dia”, mas esses programas passam exatamente na hora em que os casais devem estar muito mais ocupados do que você, com coisas e/ou assuntos que você gostaria de estar tratando. Mas não, está ali, como um calhau, coberta da cabeça aos pés, de tanto frio, inerte, na frente da tv!! Bom, é nessas horas que você tira um pouco do seu precioso tempo pra viajar... E começa pensando em todos os casais a sua volta, nos seus conhecidos, passando o pensamento rapidamente para os casais famosos do cinema, casais de celebridades (e aqui, com o pensamento a mil e a imaginação lá em Saturno, você se pergunta, “E se a Sasha fosse filha do Pelé, como ela seria, com quem se pareceria mais?”) Neste instante acorda com seu telefone “bombando”, o rosto todo babado - daquele cochilo inevitável, por tanto ter esperado - e ouve uma voz do outro lado:
- “Oi, amor, tá pronta? Tô aqui fora te esperando!”
- “Já estou saindo, vou só retocar a maquiagem!!”. E sai pra retocar a maquiagem, afinal aquele é o “Grande Dia”. E apesar de você não aceitar o mercado capitalista, ainda é romântica por essência!!
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Quando eu era adolescente, me apavorava a idéia de passar um “Dia dos Namorados” sozinha. Na verdade, eles foram tão poucos, que meu pânico nunca durou muito tempo. Hoje, tudo é tão natural, estar namorando ou não no “Dia dos Namorados” é como deixar de comprar aquele chocolate na vitrine, dá uma vontadezinha, mas se você não levar dessa vez, não vai morrer, pois chocolates em vitrines, sempre vão existir!! O que não traumatizou, somou à gana de ser feliz, saber como fazê-lo, com ou sem alguém ao meu lado. Bem resolvida, aderi ao pensamento ocidental moderno de que não existe ninguém no mundo que te complete a não ser você mesmo. Se você estiver bem consigo, seus dias são todos azuis - ou lilás, pra quem a prefere assim como eu. Não deixando de lado que uma boa companhia, abraços apertados, beijos “calientes”, amasso no carro, e uma noite ardente de paixão fazem bem para qualquer ego... E o azul - ou o lilás - passa a ter várias tonalidades, dependendo, somente, de qual sorriso eu carrego estampado!!!
UM FELIZ DIA DOS NAMORADOS A TODOS!!
Por Helen de Sousa (12jun08)

PESSOAS NA SUA VIDA


Há pessoas que entram na sua vida e você se pergunta pra que, por quê. Mas elas já estão ali, e você não quer que elas saiam. Elas vêem em forma de anjos, de demônios, de anjos disfarçados de demônios e demônios que você jurava serem anjos. Mas de nenhuma dessas pessoas você conseguirá se livrar, nem que seja em pensamento, elas estarão lá. Você questiona como ela apareceu naquela sexta-feira, do nada, ali, em frente aos seus olhos, naquele instante, e você se pergunta: "de onde você surgiu criatura?". Mas ela está de pé, ao seu lado, e suas mãos não querem largar as dela, deixá-la ir... Ainda se tem muito por dizer... Mas ela sai. E ainda está aqui, onde o peito bate mais forte... Você não tem certeza no que tudo isso vai dar, a única certeza é do que te faz tão bem.
Outras pessoas vêem pra que você aprenda a dar valor em si mesmo, no seu corpo, mente, espírito. Ela tentam fazer você desaprender a confiar, a desacreditar no homem, em todo o potencial pra te fazer feliz. Elas querem empobrecer sua alma. Diminuir a sua fé, em qualquer coisa que seja, até em você mesmo. Elas estão ali para tirar proveito próprio, suprir seus interesses, morar por um tempo em sua vida e como num piscar de olhos, sumir! Fazer você perceber que amar leva tempo, que o seu corpo é o seu templo sagrado, que você tem muito mais a dar que isso para dar.
Há aquelas pessoas que te presentearam com o que você tem de mais importante, em toda a sua vida, mas você ainda se pergunta como tudo aconteceu, como ela foi parar ali, no centro de tudo, fazendo papel de protagonista no seu filme, eternizada no tempo e espaço. Você se pergunta o que aconteceria se tivesse cruzado a outra esquina, atravessado a rua antes dela vir ao seu encontro, desviado o caminho...
Tem outras pessoas que estão longe, querem ver você, falar-lhe e você, morre por dentro ao saber que já se passou tanto tempo e que nunca mais você sentiu o seu cheiro, tocou os seus cabelos, beijou sua face, abraçou-as com fervor e paixão; nunca mais teve o simples prazer de comer uma maçã caramelada ao seu lado ou tomar um sorvete. Pessoas com quem você gostaria de estar pelo menos uma vez por mês, ou quem sabe até uma vez por ano, pra matar toda essa saudade.
Tem aquelas que estão pertinho e você também não tem tempo de revê-las, a dois quarteirões, num outro bairro e, que, se você estivesse longe, em outro país, estaria muito mais perto delas do que agora.
Pessoas em sua vida nunca vêem para subtrair. Algumas te sugam muita energia, é verdade, mas essas valem como aprendizado puro, na prática, fora do papel e das histórias da Carochinha. Essas te ensinam a evoluir como ser humano, te ensinam como ser menos egoísta, mesquinho, arrogante, autoritário, unilateral. Fazem as tuas semanas começarem mal, mas ajudam a terminar em uma linda sexta-feira. Moram dentro de sua casa, comem da sua comida, bebem da sua água. Em quem você confiou cegamente, se deu por inteiro, brigou com a mãe, pai, irmão, mas que na verdade, não mereceram nem seu ódio, apenas compaixão e pena. Pessoas que te levaram pra longe do seio da tua família, que te fizeram experimentar o mar num dia nublado e frio; pessoas que você amou e ficarão na sua memória pra sempre!
Mas, sobretudo, existem as pessoas da sua vida, essas sim, você aprendeu o que é o AMAR. Pessoas com quem se quer ficar deitado mais um pouquinho, falando bobeiras, horas a fio; comendo pipoca, recostado em seu peito, simplesmente tomando chá num dia frio... Pessoas ao lado de quem você sorriu, chorou, tomou o seu primeiro porre, presenciou a vista do Arpoador, deu o primeiro beijo, fez amor pela primeira vez, para quem falou "eu te amo" incontáveis vezes; se surpreendeu ao reencontrar, cuidou das feridas, dançou por uma noite inteira, tocou violão, cantou cantigas de ninar, cantigas de roda, pop-rock; a quem você contou seus segredo mais íntimos, suas decepções e desilusões; seus sonhos; a quem você deu a mão, com quem andou por entre as ondas do mar baiano; quem te segurou no colo, quem te abençoou, quem te pediu perdão, quem te deu uma oportunidade, quem você nunca mais vai conseguir esquecer porque está cravado aí dentro. Pessoas que você vai amar, simplesmente, por terem feito toda a diferença no que você é hoje, naquilo que se tornou.
Tem pessoas na sua vida que existem e isso é o bastante. Vieram por algum motivo para fazer parte de sua história, das horas tristes e alegres. Pessoas que você não escolheu para entrarem na sua vida, mas que, por opção, permitiu que estivessem ao seu lado até os dias de hoje e as quais você pra sempre amará, quer elas queiram, quer não!!
Pessoas na sua vida nunca passam, permanecem de alguma forma, deixando seus vestígios, seus perfumes, seus laços, seus sorrisos, suas marcas...
Pessoas na sua vida, sempre virão, estarão... E serão.
Por Helen de Sousa (01ago08)
Há um lugar especial na vida
que necessita do seu conhecimento
e um determinado serviço que ninguém mais pode fazer.
Com o tempo você o descobrirá e,
mesmo que lhe pareça inútil,
não tente mudá-lo nem por um momento,
mesmo que você possa.
Há um lugar especial na vida
onde você atingirá o que é seu,
um sonho que você deve seguir,
porque para trás não é seu caminho.
Existe um ponto de partida por onde você deverá começar,
por menos importante que possa lhe parecer.
É uma herança de amor
para aqueles que virão depois de você.
Há um lugar especial na vida que só você reconhecerá.
Uma estrada tem o seu nome e espera por você.
Existem mãos que você deve segurar,
uma palavra que você deve dizer,
um sorriso que você deve dar
e lágrimas que só você poderá enxugar.
Há um lugar especial na vida
previsto para ser ocupado por você.
Um campo luminoso onde flores crescem fortes
apesar das tempestades.
Há um especial amanhã e o melhor está para vir.
É certo que seu destino é um livro que você não lê.
Mas pode crer:
nesta vida há um lugar especial feito só para você!

Letícia