domingo, 7 de dezembro de 2008

Acordar

Estes homens... Aprisionados em sua própria ignorância, cercados de braços que não abraçam, enrijecidos pelo desamor demasiado. De onde surgem os mitos? Quem deveria acordar ao seu lado? Não tem pena nem da velha, nem dá pena. Fica quieto diante do oposto. Não soube socorrer. Esconde-se por entre todas as virilhas. Coube um suspiro de dor. E nunca pediu perdão. Remoendo o tempo, perdendo a alma. Já não sabe ser tão má quanto você amava, mas também já não é tão bom quanto quando o amava. Perderam-se. Esvaíram-se em prazer. Descompassado, como todas as expectativas. Longa espera e o desprezo, descaso e findo. Puro sentimento de sentimento puro, que não larga, que não morre, que não desprega de si. Que vive de gotas, de horas, de espera, de saudade. Não soube dizer não e não quis dizer sim. Fez. Refez. Não agarrou firme, com as próprias mãos, o que naquele momento era só seu. Não perguntou. Não afirmou. Não sorriu, não quis saber. Entrou e saiu e só... Ficou só, mais uma vez. Não queria todo o mundo, pois o mundo todo já era seu. Sentou, leu, releu. Falou que diria adeus e nunca o fez. Não consegue ser má. Não consegue mais ser. Tentou ser um outro ser, mas se deu conta que nunca poderia ser. Pisou a grama fresca, na chuva que caía sentiu sua respiração. Viu o amor. Sorriu. Sonhou e não quis mais acordar. Ainda perdida em seu olhar, beijou-lhe com ardor, sem querer sair dali. Pôs-se a esperar o dia amanhecer. Fitou-o. Sorriu. Sentiu o beijo na testa e acordou. Já não havia uma cama vazia.
Por Helen de Sousa_05dez08