Engraçado, ensaiei tantas vezes vir escrever aqui depois do nascimento do Aaron. A verdade é que nunca tive tempo, ou gastei todo o meu tempo vivendo, cuidando do pequeno, do Noah, do Miguel, da minha mãe, da minha família...
Hoje deveria ser um dia de celebração pelos 8 meses do nascimento do Aaron. E, de fato, estamos a celebrar internamente o nascimento do meu caçula, ao passo que um outro caçula nos deixou no último dia 02 de setembro. Eu queria estar inspirada para só escrever alegrias, mas, infelizmente, hoje venho dividir com vocês, e com o mundo, a nossa grande perda. Nem sei muito o que dizer. Vou só transcrever a carta de despedida que fiz para ele ontem, depois que a Tia Luísa me pediu para ler algo no velório do meu primo/irmão, Rodolfo. A carta foi transcrita com algumas modificações de palavras que por ventura eu tenha esquecido de mencionar, no afã do momento.
Eu vou tentar ser breve, mas diante da grandiosidade da sua alma, vai ser mesmo só uma tentativa.
Bom, hoje acordei com você no pensamento. Ontem quase não dormi, sem acreditar ainda que num sábado desses qualquer não teremos você ao nosso lado, filosofando, sorrindo, dançando, nos informando sobre como funciona a Alexa.
Ontem ao chegar no Cruzeiro depois que soube da notícia, e viemos ligeiros ao encontro dos nossos, fui lembrando, em um flashback longo, da nossa infância, do parquinho de madeira que amávamos ir. Rodolfo, Rodinolfo, como eu gostava de te chamar, você vai ser pra sempre meu "Dolores" (seu carrinho de bombeiros predileto quando menino). Eu vou ter você mais vivo do que nunca aqui dentro porque tenho um 'mini me' seu, o Noah. Ele se parece em muitos aspectos contigo e eu peço a Deus que ele puxe um terço da bondade, empatia, humanidade, autruísmo e amor que era você todo!
Ontem depois que sua mãe chegou do hospital, teve um momento que ela estava deitada na cama, com a Rose, o Rogério ao lado dela, e eu cheguei e sentei no pé da cama... Meu primeiro pensamento foi: 'só faltou ele e uma bacia de laranja para adentrarmos a madrugada ouvindo as histórias da Tia Luisa e sorrirmos dela cochilando e embolando os personagens e ações.'
Rodinolfo, quero que saiba que somos eternamente gratos pela sua presença em nossas vidas! Eternamente! Você foi exemplo de ser humano, de irmão, de pai, de marido, de sobrinho, de neto, mesmo tendo amarrado a avó na cadeira e ter colado meu padrinho com super bonder. Mesmo com tantos deslizes, e quem não os têm? Você, como disse a Ana Luísa, se redimiu, deu a volta por cima, se equilibrou, se espiritualizou e o conforto que tenho, por não ter você aqui neste momento, é que você estava preparado para ser recebido de braços abertos pelo nosso Pai, pelo princípio de todos nós!
Talvez eu não fosse a pessoas mais indicada para estar escrevendo essas palavras a você hoje, mas eu já iria fazer e registrar no meu blog quando sua mãe pediu pra eu falar em nome de todos nós.
Meu irmão, me disseram ontem que você não teve uma nova chance, ao contrário, eu penso que você estava sendo preparado para voltar aos braços do Pai com muito amor, carinho e admiração, que é o que todos nós temos por você e acredito que a galera do bem lá de cima também! Você teve uma nova chance quando houve aquele acidente em que uma moto te atropelou lá na 03, e eu estava bem atrás de você, e sem entender direito o que acontecia, vi seu rosto assustado... Mas nós estávamos do seu lado! Você teve uma nova chance depois daquele acidente de carro em que a nossa família e a do Remo, e do Dionísio, se mobilizou pra te acudir. Ali você estava na metade do seu caminho, da sua jornada por aqui. Ainda faltava muito a ser vivido: concluir a faculdade com a honra de ser o orador, ou pelo menos representar a turma toda do jornalismo! Faltava você conhecer a Luísa e a preciosidade que são suas filhas, Mariana e Liz. Faltava você nos orgulhar das suas palavras de disciplina e daquelas regadas a muito amor, mas cheias de ensinamentos e visões que eram só suas!! Eu aprendi muito com você. Cresci ao seu lado, desde o primeiro dia até hoje! Fomos uma tríade de amigos, eu, você e Remo; inseparáveis, One Three Hill, como nossa série favorita. Tivemos uma extensão do sentido irmão de ser com um grupinho único dessa família, apelidado de o "povo do Cruzeiro", eu, você, Rogério, Roseni, Vitor, que infelizmente não pode estar aqui hoje, e Lucélia.
Você foi força, amabilidade, razão, carinho... Você é isso tudo e muito mais!
Eu prometi ser breve... Estou terminando.
Bom, espero que você se recorde que eu fui ao Conjunto e cheguei com um cd do U2, o Zooropa, e comentei contigo e com o Remo que tinha escutado um grupo legal na loja de discos e ali começou a nossa saga de amor interminável por essa banda que passou a ser a sua cara, assim como o Pink Floyd e Legião Urbana que, dentre outros, você tanto gostava.
Você é inspiração para todos os seus amigos que fazem parte de uma lista vasta e que apreciaram bons jogos de futebol, de vídeo game e de fliperama ao teu lado, e claro, os jogos de tabuleiro que é a marca registrada da sua família!
Inesquecível foi ver o Bono ao seu lado, ao vivo, de pertinho... O Elias que o diga! João Igor, Ana Carla... Todos que fazem parte da sua rede de amor!
Meu querido irmão, eu tenho ainda um zilhão de coisas para te falar, mas isso a gente vai fazendo aos poucos depois que nos recuperarmos, todos, do nosso estado letárgico pela sua ausência precoce e inesperada!
Obrigada por tudo, por todo amor, por cada segundo ao seu lado! Que a sua passagem seja tranquila. Fique em paz, sabendo que estaremos sempre cuidando da sua família, de todos eles, principalmente das suas meninas, Luísa, Mari e Liz!
Que aqueles que você mais amou, e que não estão mais entre nós, te recebam com muito amor, pois isso é o que te representa hoje e sempre!
Você não morreu. Só deixou a gente mais um pouquinho sem a sua presença. Nos vemos em breve!
Com todo amor e carinho da sua família e amigos!
Por Helen Waqas
Em 04 de setembro de 2022
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