domingo, 13 de novembro de 2016

O que vem de dentro

Os últimos dias foram bem tranquilos. Nada fora do normal, sem conflitos, sem impactos, só letras, livros, e os pensamentos.

Amenizando o pesar do último post, hoje falarei de coisas mais suaves para a digestão dos interessados.

Era véspera de Natal, quase como agora. Eu passei o dia bem ativa, separando alegorias para a decoração das festividades que estavam próximas. Depois de longos meses inquietantes, às vezes tristes, às vezes cheios de euforia, lembro-me de muitas lágrimas naqueles dias. Talvez por estar quase sempre sozinha, talvez por ter escolhido estar só e ter deixado tudo para trás. Os dias eram mais longos do que as noites. Eu tinha terminado de preparar as luzes de Natal, estava descansando, sentada no sofá, de repente me vi atordoada, aquela sensação era diferente, ainda não tinha sentido aquilo. Até ali, na maior parte do tempo, estava tudo bem. Passei o dia inteiro pensando nele. Estava ansiosa. A cada hora a espera era maior. Sentia-o muito perto, então ficava tranquila por saber que logo estaríamos nos braços um do outro. Tive que correr e arrumar as coisas na bolsa. Ela me mandou ir direto para o hospital, pois a nossa programação não tinha saído como combinado.

Passei ao vestiário, mandaram-me ficar nua, somente com um paninho. Eu estava pronta, ansiosa mas preparada para encarar o que viria pela frente. Sentada naquela mesa, eu poderia dizer fria, tanta coisa passava pela cabeça, a vida, a morte, o amor, o desamor, o abandono, as esperanças e incertezas de um novo futuro que se aproximava. Disseram que não iria doer. "Você não sentirá nada. Vou aplicar-lhe a injeção e logo em seguida você deve deitar-se." Estava congelada nesse momento porque a agulha era enorme. Realmente não doeu nada. Deitei e logo em seguida já não sentia mais meu corpo quase que por inteiro. Eu sentia eles me pegando, levantando minhas pernas, passando os panos por debaixo delas, senti quando tiraram-no de dentro de mim. Não houve qualquer precipitação ou exaltação. Ele soltou um choro rápido, sem sofrimento, sem delongas. Lágrimas escorreram do meu rosto. Miguel estava neste mundo! Trouxeram-no ao meu encontro, peguei nas suas mãos sujinhas e num cumprimento rápido, com um certo nojinho daquela sujeira toda, soltei um "Tá bom!", num ímpeto de desconcerto, misturado ao êxtase de ver o meu filho pela primeira vez fora das telas de um computador. Chorei. Minha mãe estava ao meu lado neste momento, como sempre esteve nos momentos mais importantes da minha vida, e como eu pedi, ela o acompanhou todo o tempo quando o levaram da sala de cirurgia. Depois de me fecharem toda, encaminharam-me à uma sala de espera, antes de subir para o quarto. Passei muito mal por causa do efeito da anestesia. A memória falha pois a consciência estava intermitente. Subi ao quarto e quando acordei perguntei pelo pequeno, já era dia. Uma médica começou a conversar comigo cheia de dedos, e eu fui bem direta, "O que aconteceu? Cadê o meu filho? Mãe, cadê o Miguel?" A médica ainda cheia de dedos pedia para eu ficar calma. "Seu filho engoliu líquido amniótico durante o parto e teve que ser encaminhado à UTI para ficar em observação por alguns dias."Putz, não estava tudo bem?", pensei. "Quando ele começar a reagir e quando estiver pronto poderá ficar com você no quarto!". "E quando eu posso ver meu filho?, "A hora em que você quiser. É só conseguir levantar e você já poderá ir até ele.". No mesmo dia levantei, fui ao banheiro, comi alguma coisa e me encaminhei para a UTI. Estava ansiosa para vê-lo. Quando cheguei à sala, vi aquela coisinha pequena, cheia de fios, indefeso, frágil, vestido só com uma fralda, encolhidinho dentro de um vidro. Não me contive e de novo fui às lágrimas. Alguém me aconselhou: "converse com ele, deixe que ele sinta você, suas mãos, assim ele reagirá mais rápido." Que desesperador você não saber quando terá seu filho nos braços. A última pessoa que vi inconsciente numa cama de hospital foi meu padrasto. E ouvi também um: "pode conversar com ele pois ele está ouvindo vocês." Na mesma semana estávamos no seu enterro. Mas aquele era um ser no começo da vida, eu ainda não tinha tido tempo de dizer o quanto eu o amava, beijado seu corpinho, seus pezinhos, suas mãos, sentido seu cheiro, ainda não havíamos tido qualquer contato além de quando ele quase me matava dentro da barriga com seus chutes socos, parece até que estava adivinhando que aos 10 anos seria um dos goleiros principais da escolinha de futebol!rs 
Eu ia para lá todos os turnos, ficávamos uma hora, meia hora, até que ele teve alta e veio para o quarto. Que felicidade!! O padrinho dele estava no momento mais importante desde o nascimento,  a hora da primeira amamentação, o contato mais sobrenatural entre dois seres humanos, a melhor sensação do mundo, a conexão mais direta com Deus! Mas para variar, como tudo não é um filme regado a luzes especiais e efeitos que dão a impressão de borboletas voando naquela cena, eu estava descabelada, suando feito uma porca e ficando nervosa. O seio esquerdo ele pegou com uma rapidez descomunal, mamou tudo o que tinha e o que não tinha, mas no seio direito, eu estava quase desistindo... a enfermeira mandava eu "pegar o peito corretamente" e enfiar na boca do moleque. Mas como eu ia fazer isso com uma criaturinha que tinha acabado de chegar da UTI? Eu não conseguia ser tão prática, tão rápida, tão... sei lá. E o desespero atingia até o padrinho que sorria da minha cara. Aposto que se ele tivesse um peito cheio de leite, tinha oferecido ao Miguel só pra me livrar daquele suplício!!rs A gente morre de rir desse dia até hoje quando lembramos, mas foi o meu primeiro grande sufoco como mãe de primeira viagem
De lá pra cá foram tantas coisas boas, tantos sorrisos, tanto choro, tanta vida lado a lado. Fizemos muita coisa juntos: viajamos, dormimos abraçadinhos, tomamos banho no Rio São Francisco, fomos à praia, dançamos até tarde da noite, sentamos para conversar seriamente, fomos cúmplices nas fugidas para um lanche, um sushi, passamos carnaval só nós dois, cantamos no carro até a voz não dar mais conta, jogamos futebol, jogamos jogo da velha, forca, jogo da memória,  já nos aborrecemos um com o outro, foi muita coisa... E fico pensando quando ele não estiver mais aqui, perto de mim, quando ganhar o mundo e eu já não tiver papel principal na vida dele, além dele mesmo. Vai deixar muita saudade! Porque ele sempre foi meu companheirinho e agora está crescendo e se libertando, aos poucos, para a vida adulta. Ele é muito ativo, é muito independente, muito inteligente e me orgulha o trabalho que estou tendo para orientá-lo a ser alguém de quem as pessoas se orgulhem, alguém em que elas possam confiar, alguém que elas possam amar e querer sempre por perto. É um trabalho árduo e contínuo, sem licença, sem férias, sem remuneração ou qualquer outra recompensa material que o mundo pudesse conceituar. Amor de mãe é impagável. Eu amo ser mãe. Eu amo meu filho mais do que tudo nessa vida! Eu agradeço a Deus tudo ter dado errado para eu ter que voltar, eu ter que mudar, eu me tornar quem eu sou hoje, graças também à chegada do Miguel na minha vida. Ele foi, em 26 anos, a bênção mais reconhecida que eu posso ter recebido!! 
E com Halo, sempre lembro do meu Miguelito. Amor eterno!!!



Depois que casei, fizemos planos para ter um bebê, mas futuramente, quando as coisas melhorassem. No entanto, eu já havia decido parar com o anticoncepcional e ficar somente na tabela de controle de fertilidade. Tirei o Mirena no mesmo mês do nosso casamento, em maio de 2015. Estávamos nos cuidando, mas confesso que burlei o sistema, talvez querendo testar sua eficiência ou ainda a minha capacidade de ser fértil, e ao mesmo tempo torcendo para que algo sublime acontecesse para que nossos dias fossem mais alegres. Não tinha muito tempo para perder, parece igual a tudo na minha vida, às vezes tenho vontade de viver muita coisa ao mesmo tempo e parece ter vida de menos para isso, pouco tempo para querer viver tanta coisa!
Engravidei pela segunda vez em dezembro de 2015, mas ainda não sabia que estava esperando um novo bebê. Apesar de estranha, na noite de reveillon comemorei normalmente com amigos e meu marido, tomamos um champanhe bem de leve, voltamos para casa cedo. Tínhamos viagem marcada para janeiro de 2016, era a nossa lua de mel que só pudemos aproveitar sete meses depois do nosso casamento, por causa de grana, por causa do trabalho, entre outros. Uma semana ou duas semanas antes da viagem resolvi fazer um teste de farmácia para saber se estava grávida. Primeiro resultado positivo. Corri para a cama para contar o Amir que ele iria ser pai. Ele perguntou sonolento: "Como você sabe?", "Acabei de fazer o teste de farmácia!". Ele sorriu. "A gente pode confiar neles? E esses seus programas que tem no celular, falharam?", "Parece que sim.", respondi me fazendo de sonsa. rs Estávamos felizes, porém apreensivos. Ele já começava a se animar com a notícia, apesar da situação difícil pelo qual estávamos passando. Viajamos para Florianópolis. Foi tudo lindo, só tivemos o agravante das dores de cabeça e enjoos frequentes pelos quais eu estava passando e não tive trégua um dia sequer na viagem. Fora isso, foi muito bom!
Na volta, depois de realizados os exames iniciais, fomos ao primeiro ultrassom. Soubemos que o bebê tinha um problema, apresentava um cisto no pescoço, algo pequeno, porém fomos orientados a acompanhar o desenvolvimento do pequeno feto quase que semanalmente. Choramos bastante e ficamos abatidos, mas no final sempre tínhamos esperança do bebê se recuperar. Fui orientada a continuar meu pré-natal no HMIB, hospital especializado em gravidez de risco. Ok. Estávamos confiantes que tudo aquilo iria passar, mas a cada nova visita aos médicos eram sempre palavras de desesperança e, na nossa cabeça, de negatividade. Todos os médicos pelo qual passei me ofereceram interromper a gravidez, aquilo é frio, insensível, inconcebível. Eu nunca iria fazer isso. Estava aceitando o que fora reservado para mim e seguiria com os planos até o final, não importava como aquele bebê viesse, eu não abreviaria sua vida. Tive que fazer um exame, no terceiro para quarto mês de gestação, para saber as causas da má formação do neném, que agora sabíamos seria uma menina, a Aisha. A agulha era enorme, quase um palmo de comprimento, iria adentrar minha barriga, minha placenta e recolher um líquido de lá. Medo extremo. Eu já havia sentido tanta dor ate ali, em meio a exames mil e controle de taxas sanguíneas etc. Deu tudo certo. Fizemos o exame e aguardávamos o resultado. Com quase 20 semanas fomos a mais uma consulta. Neste dia, erramos o horário do médico então tivemos que enrolar na rua. Fomos à feira dos importado, onde tomamos um caldo de cana, resolvermos algumas coisas e nos dirigimos de volta ao hospital. Ao chegar lá, estava sentido umas pequenas pontadas na barriga, mas a sensação era normal, nada que não tivesse sentido antes. No hall de entrada sorríamos e fazíamos piada da vida. Ao entrarmos na sala de ecografia, onde a equipe estava toda reunida, a médica perguntou se tínhamos notícias boas do exame que fizemos, confirmamos que ainda não tínhamos o resultado. Ela disse: "Ah, achei que sim, vocês entraram tão sorridentes. Vamos lá, vamos ver então como está esta bebê?!". Deitei na cadeira e o Amir sentou na minha frente, segurando minha mão. De frente para mim tinha um monitor e outro de frente para a médica que estava ao meu lado. Ela colocou o gel na minha barriga e depois de movimentar o aparelho duas ou três vezes ela olhou pra mim, em menos de dois minutos de exame, e disse: "Helen, infelizmente não tenho boas notícias. A bebê não resistiu." Eu olhei para o Amir, não acreditávamos no que ouvíamos, parecia uma brincadeira, a ficha não tinha caído. Fomos orientados a procurar um hospital para fazer a retirada da bebê, pois no HMIB não havia vaga. Saímos da sala e nos encaminhamos para casa, meio atônitos ainda. No carro, caiu a ficha. Choramos juntos mas não muito, pois era como se esperávamos por aquilo e ao mesmo tempo um sonho a mais teria que ser adiado. No mesmo dia, mais ou menos às 19h, eu fui a outro hospital, dessa vez particular, tentar a internação mas não foi possível pois não haviam quartos disponíveis. Saímos de lá, eu, Amir, um primo e padrinho do Miguel, depois da meia noite. Eu teria que voltar pra casa e dormir com a Aisha falecida em meu ventre. Horas estranhas, de extrema tortura, sem saber o que estava por vir. No dia seguinte, de manhã cedo fui ao hospital. Não havia quarto vago. Segundo informações no próprio hospital, como eu tinha que ficar internada para a indução de um aborto, eu teria que aguardar até às 13h para conseguir um quarto depois de alguma alta. Meu marido teve que trabalhar pela manhã, então fiquei com minha mãe, que mais uma vez esteve comigo num momento delicadíssimo da minha vida. Às 14h eu subi para o quarto. Começaram o procedimento de indução. Introdução de comprimidos (Citotec) até que as contrações fossem aumentando. À tarde minha mãe ficou comigo até o Amir chegar ao hospital. Às 18h as contrações começaram de verdade. Às 19h30 começaram a intensificar-se. Passei uma noite extremamente difícil. As contrações iam e vinham como se eu fosse morrer antes da próxima iniciar-se novamente. Eu nunca senti  um dor tão grande. Nunca vivi uma agonia tão sufocante. Os espaços de tempo entre uma contração e outra iam diminuindo e eu já estava perdendo as forças. A cada nova contração achava que ia morrer. Às 05h30 eu já me encontrava num estado em que não queria ouvir ninguém, não queria receber carinho, não queria falar, só queria que aquilo acabasse logo, só queria que alguém fosse me medicar, me dar um diminuidor para aquela dor, mas ninguém aparecia. Chegaram com um café da manhã, às 06h. Como eu iria comer naquela situação? "Será que alguém pode chamar a médica para mim? Eu preciso de uma medicação". O Amir começou a comer o café da manhã e me perguntou se eu queria pelo menos tomar alguma coisa. A minha vontade era xingar, e eu fiz muito isso, fazer ele engolir aquele café, calar a boa e trazer qualquer médico pra mim, eu estava morrendo de dor!! Típica cena de filme de comédia  mesmo. Hoje a gente ri da cena, mas foi muito punk!! Às 06h30, ele segurava minha e quando eu dizia que não aguentaria a próxima contração, senti algo estranho, dessa vez minha alma estava sendo colocada para fora do meu corpo, eu estava perdendo a consciência de tanta dor, até que senti a neném vindo, falei pra ele correr e chamar alguém porque a pequena Aisha estava saindo/nascendo, eu não sabia como me referir àquele momento! Em questão de segundos, a cama estava encharcada de sangue e água. Eu não me movia. Meu marido veio correndo e ficou impressionado com o que viu. A enfermeira veio logo em seguida e aí a equipe do hospital se mobilizou, depois de passar por tudo sozinha com meu marido, num situação em que eu não fazia ideia do que esperar, num momento de extrema sensibilidade e dor... mas eu só queria que a médica chegasse, queria levantar, queria tomar um banho, queria poder dormir. Pegaram a neném colocaram num saco. Antes disso o Amir tirou foto da pequena, mas eu não quis ver. Depois de passado o sufoco, descansei. A cabeça não parava, porém tava cansada demais para pensar mais em tudo o que tinha acontecido, no que estava acontecendo. Tive alta no outro dia. Não chorei ao sair do hospital. Aquela sensação era muito estranha, bastante desconfortável, entrar com um bebê no ventre e sair do hospital de mãos vazias vendo outras mães com seus filhos indo para casa... mas eu me mantive forte até o carro. No caminho fui calada o tempo inteiro. Quando estávamos quase chegando em casa desabei! Tive uma crise de choro. Aquela sensação estava me consumindo, apertando o peito. Fui me acalmando aos poucos, também não queria que o Miguel me visse naquele estado, e quando chegamos em casa o clima era de velório. Ao ver meu filho, uma mistura de sentimentos invadiu o eu peito. Acabei boa parte do tempo quieta no quarto, porém parecia mais forte do que o que realmente esperavam de mim naquela situação. Na semana seguinte foi dia das mães. Recebi um café da manhã preparado com muito carinho pela minha mãe e pelo Miguel. Foi lindo!
Por alguns dias eu não tive muita reação de tristeza, estava forte porque sabia que ainda a encontraria novamente. E apesar do pouco tempo juntas, ficou um vínculo, um respeito pela escolha dela, por ter me escolhido para passar o pouco tempo que teve ao meu lado, foi gratificante de certa forma. Na verdade, mesmo depois de tanto sofrimento, foi uma honra saber que ela confiou a mim a missão de lhe oferecer tanto amor, tanta dedicação em tão pouco tempo. Foi um prazer tê-la ao meu lado, mesmo que por poucos meses. 
A minha segunda cria não pode desfrutar de momentos mais intensos com os pais e a família dela, mas valeu todo e qualquer tempo que passamos ao seu lado!!
Para sempre será lembrada com a música de Keane, na versão de Lily Allen.





Minha ginecologista pediu todos os exames para saber se estava tudo bem depois da perda da bebê, em maio de 2016. "Se o útero tiver voltado ao normal certinho, se ocorrer tudo bem com a ecografia, você já pode tentar outra gravidez sem medo! A natureza é muito sábia e confiar nela é a maior sabedoria, além do respaldo médico", foi o que ela afirmou. Fiz todos os exames necessários. Estava tudo bem! Apesar de ainda estarmos passando por dificuldades financeiras, não sabia se queria protelar uma nova gravidez. Estava acima do peso, por causa da gravidez da Aisha, o Zicavírus ainda estava em alta no Brasil -- e isso não vai melhorar nem tão cedo -- , e com a chegada dos 37, minha dúvida era esperar mais uns anos ou tentar novamente. Resolvi arriscar, ainda estava no clima. Pensei, "Seja o que Deus quiser"! Estava pronta para ser mãe de novo e se não fosse dessa vez, não sei se ainda chegaria a querer engravidar de novo. 
Fiquei um mês de resguardo, junho inteiro. Em agosto de 2016 eu tentava novos testes de farmácia. Não perdi muito tempo, minha gente, não mesmo!rs Fiz o primeiro teste, deu positivo mas com uma listrinha muito apagada na segunda listra que tem que aparecer para o teste validar como grávida. Depois de uns dias fiz outro. Continuava na incerteza. Fui ao médico e pedi um exame de sangue. Resultado positivo! Chegava um outro serzinho pra mim. Havia um medo absurdo da primeira ecografia, um filme passou na cabeça. Ninguém sabia ainda da gravidez, só queria contar a todos depois que tivesse certeza que estava tudo bem. Fizemos a primeira ecografia, estava tudo bem com o bebê, tudo normal, respiramos aliviados. No terceiro mês fizemos outra eco e veio a confirmação de que estava tudo bem mesmo com nosso filhotinho, tudo no seu lugar, todos os órgãos desenvolvendo-se direitinho, agora só faltava saber o sexo do bebê. Eu tinha uma pequena intuição de que seria um menino. O Amir queria uma menina. Eu sonhei várias vez com um menininho e fiz o alerta. Numa noite, meu marido sonhou com o pai dele, já falecido, brincando com um menino. Falei: "então se prepara, a possibilidade é enorme de ser um menino!rs". Estávamos quase certos que seria um menino. Batata! Na terceira ecografia a médica pergunta: "Vocês já sabem o sexo do bebê?", "Não", respondemos juntos. "É um menino. Parabéns!". Eu abri um sorriso largo. O Amir sorriu. O Miguel ia amar a notícia porque queria muito um irmão. Não era a nossa Aisha, mas era uma pessoa que queríamos muito também, que estávamos à espera há um tempo e que, com a perda da pequena, viria preencher o vazio das nossas vidas. 
Noah quer dizer conforto, "de longa vida" ou "aquele que vive muito", portanto, ele é nosso conforto, a nova esperança de dias melhores. E enquanto aguardamos a sua chegada, vamos sonhando com os dias que passaremos ao seu lado, ansiosos pelo mês de março/17 para podermos tocá-lo, abraçá-lo e aconchegá-lo no peito.
Ainda não tenho uma música para o Noah, mas com certeza assim que a tiver, vai ser um post inteiro aqui só pra ele!! Afinal de contas, quero dizer como foi sua vinda, como estaremos todos depois dele. Vou encontrar um tempinho pra fazer isso, se Deus quiser!!rs
Enquanto isso, vamos de Alanis, uma das artistas que mais aprecio e que segue comigo desde muito tempo.

Para os meus rebentos, todo amor do mundo!!


Por Helen de Sousa Waqas