terça-feira, 24 de maio de 2011

A Nossa Vitória de Cada Dia

"Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gaffe. 
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer «pelo menos não fui tolo» e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia." 

Clarice Lispector, in 'Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres'

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Caminhos da Educação Brasileira


Após ler, ouvir e ver várias discussões, passei a semana inteira pensando no que ia escrever sobre o assunto que repercutiu no Brasil inteiro, nos últimos dias: a educação brasileira.

Sobre a polêmica envolvendo o MEC e a distribuição de livros de ensinam que a ausência de concordância, na Língua Portuguesa, é correta, tenho algumas ressalvas as fazer: Primeiro, eu concordo que a língua falada é a que deveria ser usualmente a língua oficial num país. No entanto, porque não ensinar as pessoas a usarem de forma correta a língua materna? Qual a dificuldade de ensinar e aplicar o que é correto?
A dificuldade é que, como muita coisa que acontece no Brasil, é mais fácil desaprender o correto, do que se gastar o necessário com a educação de um povo. É mais conveniente para o governo emburrecer, e muito mais cômodo para uma população que está acostumada a ter preguiça de fazer o que é certo, a dar o melhor de si, a percorrer os caminhos mais difíceis para que o resultado obtido seja o mais positivo possível... É mais cômodo para o povo espelhar-se num presidente, quase analfabeto, idolatrando-o e dizendo sim às barbáries que aconteceram, e ainda acontecem neste país (porque a idolatria deixa o povo cego), do que vencer com seus próprios esforços, educar-se, tornar-se civilizado. É mais fácil usar uma “bengala” de salvação do que acordar cedo, trabalhar e ainda assim ter disposição para aprender coisas novas, para aperfeiçoar-se.

Eu não tenho não tenho preferência partidária, mas sou uma defensora ferrenha da justiça, da ética e da socialização do indivíduo, por meio da civilidade.

Eu, como escritora e formada em Letras, achei uma afronta do governo, deixar que os livros com conteúdo duvidoso permanecessem nas salas de aulas.
Quer dizer, o que devo fazer com meu diploma e com os meus mais de quinze anos trabalhando com a Língua Portuguesa?
Eu concordo que nada é imutável, mas por que essa obsessão pela regressão? Por que as pessoas se convencem tão fácil do que não é certo, abaixando suas cabeças, dizendo sim e “respeitando” a decisão de quem deveria estar preparado para governar um país, da melhor forma, em todos os sentidos, e, visivelmente, não está!

Todos os dias eu acordo na esperança que o Brasil honre sua bandeira, com o progresso da população brasileira. Mas está cada dia mais difícil acreditar nesse ideal.

Por isso, caros leitores, principalmente os nordestinos – que são tidos como a população da região brasileira que usa mais corretamente a Língua Portuguesa - não deixem que o modernismo e idéias confusas afetem o seu aprendizado, sobre vida, sobre ética, sobre moral. Aprimore-se, obtenha conhecimento, porque esse é o caminho mais sadio para a liberdade, para independência do ser humano. Essa é a verdadeira dignidade!

Lutemos por um país melhor, mais civilizado, com cultura e educação para todos!

Vamos ficar com esta brilhante frase de Condillac (filósofo francês): "Vejo a gramática como a primeira parte da arte de pensar".


Por Helen de Sousa

Links: 
http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/arnaldo-jabor/2011/05/17/MINISTERIO-DA-EDUCACAO-DEVERIA-VIRAR-O-DA-BURRICE-INSTITUIDA.htm



http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/05/16/livros-pra-inguinorantes-por-carlos-eduardo-novaes/

É importante ver também o respeitável vídeo da professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte

sábado, 21 de maio de 2011

Ser Chique Sempre - por Glória Kalil

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo.
Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre.
É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção à sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra,
ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!
Mas para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não te faça bem.
Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz!
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas amor e fé nos tornam humanos!

(Gloria Kalil)


terça-feira, 17 de maio de 2011

Às vésperas

Hoje, às vésperas do meu aniversário de 32 anos, queria escrever um monte de coisas, muitos pensamentos, até por ter tido um dia atribulado no trabalho, com muitas inquietações, muitas dúvidas, muito falatório. Mas vou de Clarice, porque inspira, acalma, traz a redenção...

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."
Clarice Lispector

Por Helen de Sousa

sábado, 14 de maio de 2011

Gostinho de festa no ar

O frio chegando, nesses dias maio, na capital federal, me faz lembrar que estamos a um mês do Dia dos Namorados. Já consigo ver as lojas enfeitadas para os casais, o burburinho oculto dos desejos mais diversos na mente humana e a sensação de expectativa no ar.

Ouvindo uma amiga ao telefone, me falava sobre como o temperamento dela é difícil, que já estava brigada com o “suposto” namorado, ao lado de quem poderia estar pelos próximos dias. 
A verdade é que as mulheres vivem a reclamar que “homens no mercado estão em falta”, mas quando elas os têm nas mãos não sabem como agir. E nisso, dá-lhe a afogar e raptar o pobre Santo Antônio. 
Já os homens querem, mas não aceitam para si, mulheres ousadas, modernas, inteligentes... Num mundo que vive em constante transformação. 
É muito engraçado porque tudo seria tão simples se as pessoas não complicassem tanto...

Bom, mas voltando a Santo Antônio, vamos ao que realmente interessa: as festas juninas! 
Tem celebração mais gostosa no ano, e que combine tão perfeitamente com casais, como esta? 
Parece que Santo Antônio escolheu a época ideal para que as pessoas se apaixonem, com esse friozinho inspirador... Principalmente para aqueles já estão apaixonados, mais um motivo para que passem os dias agarradinhos, com a "desculpa” de se esquentarem. 
É uma delícia! As comidas, a elegância das pessoas, o clima de céu estrelado nas ruas, parece que tudo conspira para que o povo se una, nessa época do ano. 
E eu, simplesmente, adoro a estação outono/inverno, no Brasil.

As moçoilas solteiras, já pediram às avós, tias e cunhadas, as simpatias do Santo Casamenteiro? Será que estão preparadas para conhecer os seus príncipes como a Sra. Middleton? 
E os rapazes, estariam preparados para usar de todo o seu charme e galanteio para conquistar quem poderá ser sua alma gêmea?

Faço votos que nos preparemos para as boas vindas que nos trazem os ares das festas juninas.

Até o próximo voo.


Por Helen de Sousa

segunda-feira, 9 de maio de 2011

As Tais Mudanças da Língua Portuguesa - Despedida do Trema

Hoje estava lendo umas matérias, uns artigos superinteressantes sobre a Língua Portuguesa e suas novas regras, então, decidi compartilhar com nossos internautas (pessoas viajadas e modernas) um texto bem bacana sobre as novas regras gramaticais, especificamente sobre o extinto trema. É curto e bem engraçadinho. Espero que gostem da minha contribuição para a nossa importante missão (de todos nós brasileiros) de entendermos a nossa língua materna. Porque falar e comunicar bem é uma questão inspiradora... Vamos viajar...


“Despedida do TREMA

Estou indo embora. Não há mais lugar para mim. Eu sou o trema.Você pode nunca ter reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüiféros, nas lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disseram que eu sou um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.
Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.
Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nos vemos nos livros antigos. saio da língua para entrar na história.”.
Autor desconhecido.

Por Helen de Sousa

http://altooestevip.com/ver_coluna/303/As_Tais_Mudan%C3%A7as_da_L%C3%ADngua_Portuguesa_-_Despedida_do_Trema.html

Link: http://www.youtube.com/watch?v=-6Qdi4p3rXY


AMOR: O CONTO DE FADAS REAL

Outro dia, enquanto cortava os cabelos, ouvia vários comentários sobre o casamento real, que aconteceu no final do mês de abril, deste ano, entre o filho da Princesa Diana e do Príncipe Charles, Príncipe William, e a plebeia Kate Middleton. Diante de tudo aquilo, fiquei pensando por que tamanha repercussão sobre um casamento, apesar de que o planeta inteiro o acompanharia, e esse seria um evento cujos mais preguiçosos artistas sairiam da cama mais cedo para conferir o matrimônio do ano, da, então, Princesa Catherine William de Gale e seu Príncipe. Eu, como mulher, e exímia romântica, também não poderia deixar de falar sobre o acontecimento, mesmo com toda a estafa de notícias que o casamento nos proporcionou.

Então a conclusão é que todo aquele alvoroço e curiosidade não passavam de esperança. O fato é que as pessoas ainda alimentam o sonho do príncipe e princesa encantados das histórias que ouviam na infância. Mulheres querem seus príncipes, homens, suas princesas... As mulheres sonham com casamentos divinos, o dia em que elas se tornarão o conto de fadas de que suas mães falavam e seus homens tornem-se cavalheiros impecáveis, que se preocupem em perguntar à companheira se ela está feliz. Homens sonham com mulheres delicadas, de estirpe, porém simples, bem educadas - nobres plebeias. Pessoas que nem precisam ser tão belas, mas que sejam alegres, dispostas, joviais, como passou a imagem do mais novo casal real.

Assim, o mundo se moderniza, as pessoas mudam, as relações se diversificam, até discutem-se leis que diminuam, e têm o intuito de abolir a discriminação homoafetiva, mas a questão continua a mesma: a eterna busca pelo amor, pelo que ele tem de mais real, sentimento que para sempre fará parte do cotidiano, da vida, dos homens. E enquanto majestades trocam alianças, a história se renova, fica a essência do ser humano, o desejo de viver plenamente o amor.

Por Helen de Sousa


http://altooestevip.com/ver_coluna/300/AMOR:_O_CONTO_DE_FADAS_REAL.html
LINK: http://www.youtube.com/watch?v=9V5lOiQfPAo